Um vinho branco (de 2016), os monocastas de Tinta Francisca (de 2014) e de Touriga Nacional (de 2015) e o tinto de Vinhas Velhas (de 2015), todos eles sob a marca Carvalhas, o topo de gama da empresa, foram os mais recentes lançamentos da Real Companhia Velha (RCV).
Para a apresentação foi feita, nas instalações da empresa em Gaia, uma harmonização com pratos da autoria do chefe Vasco Coelho Santos, todos eles inspirados num passeio pela quinta.
Já o ano passado, a propósito do lançamento do Carvalhas Touriga Nacional, um monocasta oriundo de uma parcela de vinha com quarenta anos, a RCV estreou o conceito ‘C4 – Carvalhas Convida Chefes a Criar’. O objectivo? Convidar chefs a embrenharem-se no mundo rural e vínico da Quinta das Carvalhas, ao ponto de desenharem pratos com ingredientes, cheiros e sabores daquele que é um terroir tão singular, mas ao mesmo tempo tão elucidativo do que é o Douro Vinhateiro. Depois de Ljubomir Stanisic estrear esta acção há um ano, em Lisboa, foi agora a vez de Vasco Coelho Santos – chefe e proprietário do Euskalduna Studio, no Porto – mostrar, à mesa, o potencial do terroir da Quinta das Carvalhas. Um almoço muito divertido, que juntou vinhos de excelência a pratos com nomes tão engraçados, profundamente durienses e intimamente ligados ao trabalho nas vinhas como “Bucha Matinal” , seguindo-se o ‘Piquenique nas Carvalhas’ harmonizado com ‘Carvalhas branco 2012’, ‘O Jardim do Álvaro’ (Álvaro Martinho Lopes), o responsável pela viticultura da Quinta das Carvalhas e músico de valor), em maridagem com o ‘Carvalhas Tinta Francisca’ de 2012.
Os ‘Cítricos’ e o ‘Complexo & Original’ são servidos com o Carvalhas Touriga Nacional 2015 e o Carvalhas Vinhas Velhas 2010, respectivamente. Por fim, o chefe Vasco Coelho Santos idealizou uma sobremesa a imitar xisto, a pedra predominante nas Carvalhas e em todo o Douro Vinhateiro que foi servida com Quinta das Carvalhas Vintage 2015. Felizes os que puderam estar naquele animado almoço, pois tiveram oportunidade de provar, a fechar, um Porto de 1908.
Sobre os vinhos provados
Carvalhas branco 2016, 13% de álcool, 28 euros. Foram feitas 6000 garrafas.
Vinho feito com uvas das castas Viosinho e Gouveio colhidas em parcelas escolhidas na parte mais alta da quinta, teve a primeira edição em 2010. O vinho depois de passagem pela prensa pneumática é fermentado em cubas de inox e o estágio de oito meses em barricas novas de carvalho francês sobre borras finas, mostrando a estrutura e a graça do Viosinho e a frescura, a elegância e a mineralidade do Gouveio. Aroma intenso a flor de laranjeira com, notas de alperce e o toque da madeira. Na boca a fruta continua a sobressair. É um branco com corpo capaz de fazer boa companhia a pratos de bacalhau, marisco e queijos fortes.
Carvalhas Tinta Francisca tinto 2014, 13% de álcool, 38 euros. Foram feitas 2600 garrafas
Embora não ande nas bocas do mundo como a Touriga Nacional ou a Tnta Roriz, a Tinta Francisca é uma casta muito presente nas Vinhas Velhas do Douro, à qual, após aprofundado estudo, a Real Companhia Velha elaborou um trabalho de recuperação do seu cultivo de forma a produzir um vinho com um estilo diferente do habitual, aromaticamente muito atraente, de estrutura mediana, perfil elegante, mas de grande intensidade. A ironia é podermos descobrir um novo Douro através de uma casta muito antiga. Fermentou em pequenas cubas de inox e estagiou em barricas usadas de carvalho francês durante 12 meses. É um vinho muito aromático com notas de fruta. Na boca é complexo, fresco e cheio, com um final longo e fresco. Liga bem com assados e estufados de carne bem temperados.
Carvalhas Touriga Nacional 2015, 14,5% de álcool, 38 euros. Foram feitas 3300 garrafas
A rainha Touriga Nacional, que muitos consideram a melhor casta portuguesa, proveniente de uma parcela da Vinha da Cascalheira, numa parte da Quinta das Carvalhas localizada junto ao Rio Torto, foi vinificada em pequenas cubas de inox, com posterior estágio durante 12 meses em barricas usadas de carvalho francês. É um touriga típico do Douro, com notas de bergamota, frutos vermelhos e nuances de violeta. É potente, com taninos redondos, boa acidez e um final longo. Casa-se bem com assados e caça.
Carvalhas Vinhas Velhas tinto 2015, 14% de álcool, 50 euros. Foram feitas 10 000 garrafas.
O Carvalhas Vinhas Velhas tinto é o topo de gama desta quinta da RCV. Um tinto poderoso e rico proveniente de mais de vinte castas autóctones diferentes, escolhidas cacho a cacho por um pequeno grupo que integra os próprios directores de enologia, Jorge Moreira e de viticultura, Álvaro Martinho Lopes. Depois da pisa a pé em lagares de granito o vinho estagia em barricas de carvalho francês (50% das quais são novas) durante 18 meses e sob controlo de temperatura. Aroma rico em notas de frutos vermelhos e pretos, especiarias e um leve toque de baunilha proveniente da madeira. Na boca é potente e elegante, bons taninos e final de boca longo. Alinha lindamente com pratos muito fortes como faisão ou javali.