Quinta do Pessegueiro vence Concurso Tomate Coração de Boi do Douro

O ano está a ser difícil para o bom desenvolvimento do Tomate Coração de Boi do Douro. Mesmo assim, não faltaram à mesa do concurso excelentes exemplares. À festa do melhor tomate da campanha 2022 juntaram-se especialistas para falarem sobre a sua valorização e contributo para o desenvolvimento sustentável da região.

Na V Edição do concurso Tomate Coração de Boi do Douro, que teve lugar na Quinta de Nápoles (Niepoort), no último dia 26 de agosto, no primeiro lugar, classificou-se a Quinta do Pessegueiro que conquistou 3,78 pontos escala do 0 a 5), em segundo lugar ficou o projeto de horticultura familiar Tanque Science & Wine, que obteve 3,69 e em terceiro , a Quinta da Manoella, dos vinhos Wine & Soul, ~que obteve 3,58 pontos.

“Estávamos expectantes quanto ao tomate que iria ser apresentado a concurso, dadas as condições adversas do ano. Verificamos, efetivamente, menor qualidade média, mas os melhores tomates estiveram ao nível dos anos anteriores”, sintetiza o presidente do júri do concurso, Francisco Pavão.

Por um selo de qualidade

A festa que se seguiu à prova do júri, nos jardins da Quinta de Nápoles/vinhos Niepoort, integrou um debate sobre os produtos endógenos do Douro, a sua valorização e importância na promoção e sustentabilidade do território, momento promovido em parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

“É com muito entusiasmo que nos associamos a este evento, no âmbito dos 20 Anos do Douro Vinhateiro Património Mundial “, começou por referir Célia Ramos, vice-presidente da CCDR-Norte, lembrando também os desafios que a região tem pela frente, nomeadamente de adaptação às alterações climáticas: “A inteligência do Douro vai passar pela diversificação dos produtos agrícolas” e “complementaridade da vinha com outras culturas”.

Ana Maria Barata, coordenadora do Banco Português de Germoplasma Vegetal, viu o Concurso do Tomate Coração de Boi do Douro como uma excelente forma de “valorização de um produto endógeno da região” e lembrou que o banco de sementes que dirige tem uma vasta coleção de sementes de tomate, 25 por cento das quais de Tomate Coração de Boi de várias regiões do país. No final, deixou um desafio: “Seria interessante avaliar a qualidade das sementes de que dispomos, até para se poder dar o salto e trabalhar na qualificação deste material, no seu reconhecimento e criação de um selo de qualidade do Tomate Coração de Boi do Douro”.

Com forte ligação à região, Teresa Andresen, arquiteta paisagística e engenheira agrónoma, recordou as cestas que chegavam de comboio ao Porto com as frutas e hortícolas dos “jardins secretos”, a que se acedia “por uma portinha” que representava o acesso “àquele paraíso” dos sabores do Douro. “Dizíamos sempre, e bem, que não há fruta como a do Douro”, sublinhou.

Nem só de vinho vive o Douro, lembra por fim António Monteiro, assessor da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, recordando os escritos do Visconde de Vilarinho de São Romão sobre os diversos produtos da região, incluindo o Tomate Coração de Boi. A riqueza de variedades de frutos e legumes no Douro está documentada, concluiu, podendo servir de apoio a atividades alternativas à vinha e de valorização da biodiversidade e sustentabilidade da região.

A moderação da conversa ficou a cargo do jornalista e curador do projeto de valorização do Tomate Coração de Boi do Douro, Edgardo Pacheco.


TGV em Vila Real: Turismo, gastronomia e vinhos em debate

Em Vila Real (a de Trás-os-Montes, entenda-se) TGV não é nome de comboio, mas antes de jornadas que querem debater os assuntos relacionados com o Turismo, a Gastronomia e os Vinhos (diga-se assuntos muito ligados entre si e muito importantes para a região), este ano na sua segunda edição.

De 23 a 25 de Maio, (quarta, quinta e sexta-feira da semana passada) nos Claustros do Palácio do Governo Civil partilharam-se experiências, esclareceram-se dúvidas, com intervenções de vários especialistas convidados e muito público.

Pela nossa parte só assistimos às sessões do segundo e terceiro dias, sobre gastronomia e vinhos.

O tema Gastronomia foi o azeite, com intervenções de Edgardo Pacheco, conhecido jornalista especialista no tema (autor do livro “Os 100 Melhores Azeites de Portugal”), Francisco Pavão (Presidente da Associação dos Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro.

As intervenções foram fundamentalmente didácticas, com esclarecimentos sobre o que é um azeite sem defeitos, a desmontagem de alguns mitos e a demonstração que pouquíssimos portugueses sabem qualquer coisinha sobre azeite. Do Brasil veio a especialista Patricia Galasini, que apresentou alguns dados muito curiosos sobre o que por lá se chama de azeite de oliva.

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O júri do concurso no decorrer da avaliação

No último dia, dedicado aos vinhos, destaque para o concurso, ou melhor, para a sua entrega de prémios, tendo sido galardoados três brancos da região duriense, num universo de 38 concorrentes, e quatro tintos em 45 amostras, um dos quais do Alentejo.

Brancos vencedores: Quinta das Corriças Colheira Selecionada branco 2015, da Sociedade Agrícola Quinta das Corriças (Vale de Salgueiro, Mirandela); o Quinta de Castelares Reserva branco 2016, da Casa Agrícola Manuel Joaquim Caldeira (Freixo de Espada à Cinta); e o Mont’Alegre Reserva branco 2016, da FGWines, empresa do enólogo Francisco Gonçalves (Montalegre, Vila Real).

Tintos vencedores:  Alta Pontuação tinto 2014, da Alta Pontuação (Mateus, Vila Real); o Monte do Desespero tinto 2014, do Monte das Serras (Reguengos de Monsaraz, Évora); o Quinta dos Lagares VV44 tinto 2014, da Quinta dos Lagares (Alijó, Pinhão) e o Quinta dos Nogueirões Reserva tinto 2014, da Quinta dos Nogueirões (São João da Pesqueira, Viseu).

Os 30 jurados do concurso, todos enólogos, tiveram como directora do concurso Olga Martins, CEO da Lavradores de Feitoria.

Os membros do júri pontuaram cada referência vínica através de uma aplicação desenvolvida pela a Outsmartis, Lda., startup de André Conde que está a funcionar no Regia Douro Park, a entidade organizadora deste certame. O objectivo foi que cada chefe de mesa obtivesse, de imediato, os valores atribuídos. Ao mesmo tempo, a directora de prova teve, a cada momento, uma perspetiva das pontuações por mesa e por vinho. No final, os jurados ficaram a conhecer quais os números correspondentes aos vinhos vencedores.

Durante a Douro TGV – Mostra de Vinhos e Sabores – mostra vínica complementada pelos produtos gastronómicos – cada garrafa dispôs de um QR Code com a respectiva informação acerca do vinho e do produtor para que os users pudessem, depois, atribuir os seus próprios comentários e pontuação. A finalidade é que os próprios users possam, agora, consultar essa informação e procurar esses vinhos.

A organização do Douro TGV esteve a cargo do Regia Douro Park que, com iniciativas como esta, pretende munir os actuais e futuros players, cujas actividades abordem as áreas de turismo, gastronomia e vinho, mas em especial aos agentes e às gentes da região, como sejam os alunos e docentes da UTAD, da Escola de Hotelaria e Turismo do Douro – Lamego e de outras instituições de ensino, cujos alunos são os futuros embaixadores da região.

O Regia Douro Park – Parque de Ciência e Tecnologia de Vila Real foi inaugurado em Maio de 2016 e está focado nas áreas agroalimentar, agroindustrial, enologia, vitivinicultura, economia verde, valorização ambiental e tecnologias agroambientais. Promovido pelo Município de Vila Real, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e pela Portuspark – Rede de Parques Tecnológicos e Incubadoras assume-se como um pilar de desenvolvimento económico integrado, apostando nas fortes valências da UTAD e da região. Constitui uma nova centralidade empresarial no Douro. O Parque conta com múltiplas valências de suporte a empreendedores e empresas, projectos empresariais, investidores nacionais e internacionais, promoção da investigação, assim como desenvolvimento e transferência de tecnologia e conhecimento. Contempla uma Incubadora-Aceleradora de Empresas, um Centro de Negócios (Douro Business Center), um Polo Tecnológico de Excelência, e Lotes Industriais.

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Os vinhos premiados. Na foto falta o Quinta das Corriças


II edição do Concurso Tomate Coração de Boi do Douro na Quinta de La Rosa

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O Tomate Coração de Boi do Douro vai ser alvo de uma festa que visa a sua promoção e proporcionar um melhor conhecimento das diversas valências da região, promovendo-se o vinho, o território, o turismo e as gentes locais. Esta segunda edição, alargada em relação ao ano passado, apresenta a novidade de levar o tomate coração de boi à mesa de restaurantes referenciais do Douro e vai também promover um concurso de fotografia. No dia 18 de Agosto na Quinta de La Rosa, no Pinhão. Ler Mais