TGV em Vila Real: Turismo, gastronomia e vinhos em debate

Em Vila Real (a de Trás-os-Montes, entenda-se) TGV não é nome de comboio, mas antes de jornadas que querem debater os assuntos relacionados com o Turismo, a Gastronomia e os Vinhos (diga-se assuntos muito ligados entre si e muito importantes para a região), este ano na sua segunda edição.

De 23 a 25 de Maio, (quarta, quinta e sexta-feira da semana passada) nos Claustros do Palácio do Governo Civil partilharam-se experiências, esclareceram-se dúvidas, com intervenções de vários especialistas convidados e muito público.

Pela nossa parte só assistimos às sessões do segundo e terceiro dias, sobre gastronomia e vinhos.

O tema Gastronomia foi o azeite, com intervenções de Edgardo Pacheco, conhecido jornalista especialista no tema (autor do livro “Os 100 Melhores Azeites de Portugal”), Francisco Pavão (Presidente da Associação dos Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro.

As intervenções foram fundamentalmente didácticas, com esclarecimentos sobre o que é um azeite sem defeitos, a desmontagem de alguns mitos e a demonstração que pouquíssimos portugueses sabem qualquer coisinha sobre azeite. Do Brasil veio a especialista Patricia Galasini, que apresentou alguns dados muito curiosos sobre o que por lá se chama de azeite de oliva.

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O júri do concurso no decorrer da avaliação

No último dia, dedicado aos vinhos, destaque para o concurso, ou melhor, para a sua entrega de prémios, tendo sido galardoados três brancos da região duriense, num universo de 38 concorrentes, e quatro tintos em 45 amostras, um dos quais do Alentejo.

Brancos vencedores: Quinta das Corriças Colheira Selecionada branco 2015, da Sociedade Agrícola Quinta das Corriças (Vale de Salgueiro, Mirandela); o Quinta de Castelares Reserva branco 2016, da Casa Agrícola Manuel Joaquim Caldeira (Freixo de Espada à Cinta); e o Mont’Alegre Reserva branco 2016, da FGWines, empresa do enólogo Francisco Gonçalves (Montalegre, Vila Real).

Tintos vencedores:  Alta Pontuação tinto 2014, da Alta Pontuação (Mateus, Vila Real); o Monte do Desespero tinto 2014, do Monte das Serras (Reguengos de Monsaraz, Évora); o Quinta dos Lagares VV44 tinto 2014, da Quinta dos Lagares (Alijó, Pinhão) e o Quinta dos Nogueirões Reserva tinto 2014, da Quinta dos Nogueirões (São João da Pesqueira, Viseu).

Os 30 jurados do concurso, todos enólogos, tiveram como directora do concurso Olga Martins, CEO da Lavradores de Feitoria.

Os membros do júri pontuaram cada referência vínica através de uma aplicação desenvolvida pela a Outsmartis, Lda., startup de André Conde que está a funcionar no Regia Douro Park, a entidade organizadora deste certame. O objectivo foi que cada chefe de mesa obtivesse, de imediato, os valores atribuídos. Ao mesmo tempo, a directora de prova teve, a cada momento, uma perspetiva das pontuações por mesa e por vinho. No final, os jurados ficaram a conhecer quais os números correspondentes aos vinhos vencedores.

Durante a Douro TGV – Mostra de Vinhos e Sabores – mostra vínica complementada pelos produtos gastronómicos – cada garrafa dispôs de um QR Code com a respectiva informação acerca do vinho e do produtor para que os users pudessem, depois, atribuir os seus próprios comentários e pontuação. A finalidade é que os próprios users possam, agora, consultar essa informação e procurar esses vinhos.

A organização do Douro TGV esteve a cargo do Regia Douro Park que, com iniciativas como esta, pretende munir os actuais e futuros players, cujas actividades abordem as áreas de turismo, gastronomia e vinho, mas em especial aos agentes e às gentes da região, como sejam os alunos e docentes da UTAD, da Escola de Hotelaria e Turismo do Douro – Lamego e de outras instituições de ensino, cujos alunos são os futuros embaixadores da região.

O Regia Douro Park – Parque de Ciência e Tecnologia de Vila Real foi inaugurado em Maio de 2016 e está focado nas áreas agroalimentar, agroindustrial, enologia, vitivinicultura, economia verde, valorização ambiental e tecnologias agroambientais. Promovido pelo Município de Vila Real, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e pela Portuspark – Rede de Parques Tecnológicos e Incubadoras assume-se como um pilar de desenvolvimento económico integrado, apostando nas fortes valências da UTAD e da região. Constitui uma nova centralidade empresarial no Douro. O Parque conta com múltiplas valências de suporte a empreendedores e empresas, projectos empresariais, investidores nacionais e internacionais, promoção da investigação, assim como desenvolvimento e transferência de tecnologia e conhecimento. Contempla uma Incubadora-Aceleradora de Empresas, um Centro de Negócios (Douro Business Center), um Polo Tecnológico de Excelência, e Lotes Industriais.

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Os vinhos premiados. Na foto falta o Quinta das Corriças


Real Companhia Velha mostrou quatro novos Carvalhas

Um vinho branco (de 2016), os monocastas de Tinta Francisca (de 2014) e de Touriga Nacional (de 2015) e o tinto de Vinhas Velhas (de 2015), todos eles sob a marca Carvalhas, o topo de gama da empresa, foram os mais recentes lançamentos da Real Companhia Velha (RCV).

Para a apresentação foi feita, nas instalações da empresa em Gaia, uma harmonização com pratos da autoria do chefe Vasco Coelho Santos, todos eles inspirados num passeio pela quinta.

Já o ano passado, a propósito do lançamento do Carvalhas Touriga Nacional, um monocasta oriundo de uma parcela de vinha com quarenta anos, a RCV estreou o conceito ‘C4 – Carvalhas Convida Chefes a Criar’. O objectivo? Convidar chefs a embrenharem-se no mundo rural e vínico da Quinta das Carvalhas, ao ponto de desenharem pratos com ingredientes, cheiros e sabores daquele que é um terroir tão singular, mas ao mesmo tempo tão elucidativo do que é o Douro Vinhateiro. Depois de Ljubomir Stanisic estrear esta acção há um ano, em Lisboa, foi agora a vez de Vasco Coelho Santos – chefe e proprietário do Euskalduna Studio, no Porto – mostrar, à mesa, o potencial do terroir da Quinta das Carvalhas. Um almoço muito divertido, que juntou vinhos de excelência a pratos com nomes tão engraçados, profundamente durienses e  intimamente ligados ao trabalho nas vinhas como “Bucha Matinal” , seguindo-se o ‘Piquenique nas Carvalhas’ harmonizado com ‘Carvalhas branco 2012’, ‘O Jardim do Álvaro’ (Álvaro Martinho Lopes), o responsável pela viticultura da Quinta das Carvalhas e músico de valor), em maridagem com  o ‘Carvalhas Tinta Francisca’ de 2012.

Os ‘Cítricos’ e o ‘Complexo & Original’ são servidos com o Carvalhas Touriga Nacional 2015 e o Carvalhas Vinhas Velhas 2010, respectivamente. Por fim, o chefe Vasco Coelho Santos idealizou uma sobremesa a imitar xisto, a pedra predominante nas Carvalhas e em todo o Douro Vinhateiro que foi servida com Quinta das Carvalhas Vintage 2015. Felizes os que puderam estar naquele animado almoço, pois tiveram oportunidade de provar, a fechar, um Porto de 1908.

Sobre os vinhos provados

Carvalhas branco 2016, 13% de álcool, 28 euros. Foram feitas 6000 garrafas.

Vinho feito com uvas das castas Viosinho e Gouveio colhidas em parcelas escolhidas na parte mais alta da quinta, teve a primeira edição em 2010. O vinho depois de passagem pela prensa pneumática é fermentado em cubas de inox e o estágio de oito meses em barricas novas de carvalho francês sobre borras finas, mostrando a estrutura e a graça do Viosinho e a frescura, a elegância e a mineralidade do Gouveio. Aroma intenso a flor de laranjeira com, notas de alperce e o toque da madeira. Na boca a fruta continua a sobressair. É um branco com corpo capaz de fazer boa companhia a pratos de bacalhau, marisco e queijos fortes.

Carvalhas Tinta Francisca tinto 2014, 13% de álcool, 38 euros. Foram feitas 2600 garrafas

Embora não ande nas bocas do mundo como a Touriga Nacional ou a Tnta Roriz, a Tinta Francisca é uma casta muito presente nas Vinhas Velhas do Douro, à qual, após aprofundado estudo, a Real Companhia Velha elaborou um trabalho de recuperação do seu cultivo de forma a produzir um vinho com um estilo diferente do habitual, aromaticamente muito atraente, de estrutura mediana, perfil elegante, mas de grande intensidade. A ironia é podermos descobrir um novo Douro através de uma casta muito antiga. Fermentou em pequenas cubas de inox e estagiou em barricas usadas de carvalho francês durante 12 meses. É um vinho muito aromático com notas de fruta. Na boca é complexo, fresco e cheio, com um final longo e fresco. Liga bem com assados e estufados de carne bem temperados.

Carvalhas Touriga Nacional 2015, 14,5% de álcool, 38 euros. Foram feitas 3300 garrafas

A rainha Touriga Nacional, que muitos consideram a melhor casta portuguesa, proveniente de uma parcela da Vinha da Cascalheira, numa parte da Quinta das Carvalhas localizada junto ao Rio Torto, foi vinificada em pequenas cubas de inox, com posterior estágio durante 12 meses em barricas usadas de carvalho francês. É um touriga típico do Douro, com notas de bergamota, frutos vermelhos e nuances de violeta. É potente, com taninos redondos, boa acidez e um final longo. Casa-se bem com assados e  caça.

Carvalhas Vinhas Velhas tinto 2015, 14% de álcool, 50 euros. Foram feitas 10 000 garrafas.

O Carvalhas Vinhas Velhas tinto é o topo de gama desta quinta da RCV. Um tinto poderoso e rico proveniente de mais de vinte castas autóctones diferentes, escolhidas cacho a cacho por um pequeno grupo que integra os próprios directores de enologia, Jorge Moreira e de viticultura, Álvaro Martinho Lopes. Depois da pisa a pé em lagares de granito o vinho estagia em barricas de carvalho francês (50% das quais são novas) durante 18 meses e sob controlo de temperatura. Aroma rico em notas de frutos vermelhos e pretos, especiarias e um leve toque de baunilha proveniente da madeira. Na boca é potente e elegante, bons taninos e final de boca longo. Alinha lindamente com pratos muito fortes como faisão ou javali.

 


A Boa Esperança de um vinho de qualidade em Torres Vedras

A Quinta da Boa Esperança é um projecto familiar de produção de vinho, que nasce da vontade de criar um espaço contemporâneo que seja o reflexo do seu modo de pensar e de viver, num ambiente histórico e rural. De consciência ambiental bastante marcada, com o compromisso de garantir o bem-estar das suas vinhas durante todo o ano, o respeito e a responsabilidade com a natureza e a sua feliz coexistência com o Homem, são alguns dos objectivos da marca.

A sustentabilidade, a qualidade e a exclusividade que envolvem todo o processo, desde a apanhada uva ao consumidor final, são os pilares deste projecto, criado em 2015, no concelho de Torres Vedras, região vitivinícola de Lisboa, uma das maiores regiões produtoras de vinho a nível nacional e das mais extensas áreas vinícolas do país.

 

A Quinta da Boa Esperança é um projecto familiar nascido em 2015 resultado da paixão pelo campo e pelos vinhos do casal Eva Moura Guedes e Artur Gama.

Está situada na localidade da Zibreira, freguesia da Carvoeira, concelho de Torres Vedras e, depois de ter mostrado à imprensa e bloguers, há cerca de dois meses, os vinhos da sua primeira colheita, a de 2015, vai brevemente lançar os de 2016.

Há alguns anos ligado ao comércio internacional de vinhos, o que o obrigava a viajar permanentemente, Artur Gama quis assentar arraiais e passar mais tempo com a família, nomeadamente depois do nascimento da filha. A oportunidade surgiu com a compra desta propriedade, há muito produtora de uvas que não eram vinificadas no local, mas sim entregues a uma cooperativa. Artur e Eva escolheram para a Quinta um nome auspicioso, o de Boa Esperança, que tal como o cabo de África onde os Oceanos Atlântico e Índico se juntam, primeiro foi muito trabalhoso, mas depois abriu as portas para um futuro que se adivinhava risonho.

Artur e Eva, com uma consciência ambiental bastante marcada procuram manter com a natureza um diálogo de respeito e responsabilidade que assegure o bem-estar das suas vinhas durante todo o ano. A ideia é irem subindo a pouco e pouco até

Abandonarem já este ano os herbicidas e, se tudo correr bem, chegarem à verdadeira agricultura biológica (não se recorre à aplicação de pesticidas nem adubos químicos de síntese, nem ao uso de organismos geneticamente modificados).

Neste momento a quinta dispõe de 8 hectares de vinha em produção, 9 hectares de vinha plantados e, a curto prazo, a possibilidade de plantação de mais 1,5 hectare.  A localização da Quinta da Boa Esperança é numa encosta com direcção nascente/poente, uma das melhores exposições solares possíveis para a maturação das castas tintas. Os solos argilo-calcários e a localização, a cerca de 20km da costa atlântica, conferem às castas brancas uma salinidade, mineralidade e frescura bastante marcadas, como aliás é apanágio dos brancos da região Lisboa.

A enologia está a cargo da enóloga residente Paula Fernandes e do enólogo Rodrigo Martins.

A adega, embora ainda não esteja definitivamente recuperada já está convenientemente equipada, dizem os enólogos. Obras noutras construções, como a casa da quinta, que permitirá aos proprietários nela residir ainda estão em curso.

 

Na visita que fizemos em Novembro de entre os vinhos provados destacamos os seguintes, todos eles Regional Lisboa:

 

Quinta da Boa Esperança – Colheita Branco PVP 7,25€Quinta das Boa Esperança branco 2016, feito de Fernão Pires e Arinto, está muito composto e harmonioso quer de aroma quer na boca, com boa acidez. (13% de álcool, um total de 8 mil garrafas com PVP 7,25€)

 

Quinta da Boa Esperança – Fernão Pires PVP 11,20€Quinta da Boa Esperança Fernão Pires branco 2016, um bonito exemplar da casta. Boa fruta, sem exuberâncias, bom volume na boca. Pode envelhecer bem um par de anos. (13,5% de álcool, um total de 35 mil garrafas com PVP 11,20€)

 

Quinta da Boa Esperança – Sauvignon Blanc 11,20€Quinta da Boa Esperança  Sauvignon Blanc branco 2016, um vinho com características da casta (espargos, relva cortada), boa acidez, muito afinado. (13% de álcool, total de 2700 garrafas com PVP 11,20€)

 

Quinta da Boa Esperança – Arinto PVP 11,20€Quinta da Boa Esperança Arinto branco 2016, um vinho que está um pouco fechado, leve toque floral, acidez a pedir companhia de comida. (13,5% de álcool, um total de 3 mil garrafas com PVP 11,20€)

 

Quinta da Boa Esperança Reserva branco 2015, tem na composição uvas Fernão Pires e Arinto. Fermentou em barrica nova. Aroma fino e delicado, complexo. Na boca é fresco, estruturado, intenso, poderia ser menos marcado pela madeira, mas é um belíssimo vinho, com um final longo. (13,5% de álcool, um total de 3 mil garrafas com PVP 17€)

 

Quinta da Boa Esperança Colheita tinto 2015, feito de uvas Aragonez, Castelão e Syrah, frutado, fresco, taninos bem presentes. A pedir comida. (14% de álcool, um total de 10 mil garrafas com PVP 7,25€)

 

 

Quinta da Boa Esperança – Syrah 2015 PVP 14,90€Quinta da Boa Esperança Syrah tinto 2015, vinho muito fresco, com notas de fruta preta e especiarias. Bons taninos e um final delicioso. Foi dos tintos em prova o que mais gostei, uma opinião pessoal que vale o que vale… (14% de álcool, um total de 2800 garrafas com PVP 14,90€)

 

 

Quinta da Boa Esperança Touriga Nacional 2015 PVP 14,90€Quinta da Boa Esperança – Touriga Nacional tinto 2015, cor granada carregada, com nuances cítricas e florais no aroma. Na boca mostra-se um vinho cheio, com bons taninos e um final longo. Liga bem com assados de forno de carnes vermelhas. (14% de álcool, um total de 3200 garrafas com PVP 14,90€)

 

Quinta da Boa Esperança – Alicante Bouschet 2015 PVP 14,90€Quinta da Boa Esperança Alicante Bouschet tinto 2015, este vinho é quase preto, como é natural, vindo de uma casta tintureira. Notas balsâmicas e um leve toque a azeitona no aroma. Na boca é volumoso, boa acidez e taninos bem presentes. (13,5% de álcool, um total 300 garrafas com PVP 14,90€)